domingo, 25 de maio de 2008

Mercadores da morte

São 17% os deputados ligados ao "lobby da cerveja", revela pesquisa da Folha de S. Paulo divulgada neste sábado. Realizada a partir de dados do Tribunal Superior Eleitoral, a pesquisa mostra que quase um em cada cinco deputados – são 87 deputados federais – tem concessão de rádio e televisão e/ou receberam em 2006, da indústria de bebidas e de comunicação, mais de 2 milhões de reais em doações de campanha. Na semana passada, o projeto que restringe a propaganda de bebidas com baixo teor alcoólico, inclusive a cerveja, entre 6 e 21 horas em rádio e televisão, foi retirado da pauta de votações. Como são poderosos os mercadores da morte. [1]

Há mais de um mês, finórios membros da indústria de cerveja e de emissoras de rádio e TV, vão ao Congresso quase diariamente para fazer lobby contra o projeto de regulamentação. Ou seja, para manter a terra de ninguém em que se tornou a questão da propaganda de bebidas alcoólicas, que favorece o lucro de quem fabrica e de quem divulga. E, confirma-se agora, engorda o caixa de deputados. Este lucro com a cerveja deixa sempre capenga qualquer possibilidade da mídia de discutir com seriedade a principal causa de acidentes e mortes no trânsito. Como enfrentar Brahma, Skol, Kaiser, Antártica, Globo, Record, SBT, Band e o bando dos deputados?

Trava-se, pois, uma verdadeira batalha entre o Ministério da Saúde, de um lado, e o Congresso Nacional, a indústria de bebidas e a “indústria” da mídia, do outro. Nessa, conforme revela surpreendente matéria de capa do Jornal do Brasil desta segunda-feira: “o Brasil gasta mais de R$ 33 bilhões anuais com problemas decorrentes do álcool. Somam-se aí as despesas com acidentes rodoviários e assistência às vítimas, além dos custos do SUS com o tratamento direto a pacientes de alcoolismo. Segundo o governo federal, faltam dados mais precisos sobre casos que chegam às áreas de cardiologia e neurologia nos hospitais públicos”. [2]

Hercules Liberal

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