Há 47 anos, Iuri Gagarin subiu ao cosmo. Surpreendente fato que inaugurou a chamada era espacial. Um espectro de futuro a rondar a Terra que, na visão do herói cosmonauta, era azul, a cor da felicidade. Visto de longe, nosso planeta irradiava uma imagem de um futuro, cada vez mais perto. Avassaladoras conquistas da humanidade, a exibir sem peias os instrumentos da redenção iminente. Prenúncios da liberdade prometida pelas ideologias do fim do século anterior. A ação do próprio homem a resultar em sucessivos avanços da ciência. Os instrumentos de condução ao paraíso. Ingênua e vã expectativa de que, agora, a tecnologia começaria a substituir parte do trabalho humano. Em quase tudo, a promessa de mais tempo ao homem. Tempo para a vida, para produzir felicidade.
Perdeu-se na poeira a imagem do Sinal Fechado com que Paulinho Viola retratou a vida andada “a cem”, nos anos setenta, para pegar um “lugar no futuro”. Como achar, na barafunda do trânsito, ou na vida de tantos, dois dedos de prosa perdidos numa parada do sinal, circunstância dramática narrada pelo poeta da Portela. Inda mais com películas contra o sol a isolar o homem do seu habitat natural de convivência com seu semelhante, principalmente quando se encontra ao volante.
Não é certo atribuirmos culpa pela clausura que nos impomos ao temor do menino da flanelinha, ou do vendedor de dropes, nem do distribuidor de impressos, todos os que alimentam nossa “neura” do assalto iminente. É uma fórmula oportunística que nos esconde, com razoável conforto, do preconceito contra os menos aquinhoados da vida moderna. Os apartados da sociedade, herdeiros da selvagem exploração humana. O que tira das pessoas o direito à comunicação, à conivência solidária é a própria malha tecida, agora “a mil”, pelos atalhos da vida moderna. É esse o nosso lugar no futuro?
O que há de novo na cultura do mundo?. O que se produz diferentemente daquilo que demanda o mundo do mercado. Que criatividade há além da mania da auto-ajuda que caracteriza a “moderna” sociedade do eu sozinho? Que desfrutamos dos avanços da ciência a exceção do que setornou mais-valia? A lei do mais forte. A ampliação do fosso social. Que conjuntura resultou da globalização dos meios de produção e do mercado mundial? Globalização sob o controle do império econômico e maximizado pela ausência de concorrência ideológica no mundo, que se seguiu à queda do muro de Berlin.
Há uma busca frenética desde os anos setenta, ontem a cem, hoje a mil, e a inevitável procura por um espaço na perversa concorrência que a cultura do mercado de hoje impõe ao mundo. Passa-nos a sensação de que o tempo é que está passando muito rapidamente. Talvez a máquina do tempo tenha recebido uma aceleração diabólica, subliminar, para deixar espaço exíguo aos que possam ousar construir algo diferente, algum bezerro de ouro que possa confrontar o deus-capital, o deus-mercado.
O sinal... vai abrir... A todo tempo, nova partida para a perversa corrida em busca da riqueza que, cada vez mais, produz mais pobreza e menos tempo à felicidade.
Perdeu-se na poeira a imagem do Sinal Fechado com que Paulinho Viola retratou a vida andada “a cem”, nos anos setenta, para pegar um “lugar no futuro”. Como achar, na barafunda do trânsito, ou na vida de tantos, dois dedos de prosa perdidos numa parada do sinal, circunstância dramática narrada pelo poeta da Portela. Inda mais com películas contra o sol a isolar o homem do seu habitat natural de convivência com seu semelhante, principalmente quando se encontra ao volante.
Não é certo atribuirmos culpa pela clausura que nos impomos ao temor do menino da flanelinha, ou do vendedor de dropes, nem do distribuidor de impressos, todos os que alimentam nossa “neura” do assalto iminente. É uma fórmula oportunística que nos esconde, com razoável conforto, do preconceito contra os menos aquinhoados da vida moderna. Os apartados da sociedade, herdeiros da selvagem exploração humana. O que tira das pessoas o direito à comunicação, à conivência solidária é a própria malha tecida, agora “a mil”, pelos atalhos da vida moderna. É esse o nosso lugar no futuro?
O que há de novo na cultura do mundo?. O que se produz diferentemente daquilo que demanda o mundo do mercado. Que criatividade há além da mania da auto-ajuda que caracteriza a “moderna” sociedade do eu sozinho? Que desfrutamos dos avanços da ciência a exceção do que setornou mais-valia? A lei do mais forte. A ampliação do fosso social. Que conjuntura resultou da globalização dos meios de produção e do mercado mundial? Globalização sob o controle do império econômico e maximizado pela ausência de concorrência ideológica no mundo, que se seguiu à queda do muro de Berlin.
Há uma busca frenética desde os anos setenta, ontem a cem, hoje a mil, e a inevitável procura por um espaço na perversa concorrência que a cultura do mercado de hoje impõe ao mundo. Passa-nos a sensação de que o tempo é que está passando muito rapidamente. Talvez a máquina do tempo tenha recebido uma aceleração diabólica, subliminar, para deixar espaço exíguo aos que possam ousar construir algo diferente, algum bezerro de ouro que possa confrontar o deus-capital, o deus-mercado.
O sinal... vai abrir... A todo tempo, nova partida para a perversa corrida em busca da riqueza que, cada vez mais, produz mais pobreza e menos tempo à felicidade.
Hercules Liberal
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