sábado, 16 de agosto de 2008

Uma barriga à meia-noite

Para Raúl Dellatorre, do jornal argentino Página/12, a má gestão de empresas públicas foi argumento convincente, durante os anos 90, para justificar as privatizações. “Ainda que essa má gestão resultasse de anos de gestões que buscavam seu esvaziamento ou deliberada ineficiência em cumprimento de seus objetivos”. Objetivos escusos.

Para ele, no caso da Aerolíneas Argentinas, foi preciso mentir, falsear os dados e a realidade de uma empresa que ganhava em eficiência, prestígio e mesmo em resultados de suas competidoras privadas.

Fez-se um grande esforço para esconder essa realidade, prometendo até que, com o capital privado, obter-se-ia mais conforto, maior freqüência, tarifas acessíveis, acelerando a entrada da empresa para o Primeiro Mundo. “A história real, que veio com a privatização, é mais conhecida”, diz Raúl. Faz lembrar a história da VASP.

Mais um “caos aéreo”, há poucas semanas, refletiu essa história real. O resultado do número de passagens vendidas em excesso. Que não é diferente da diminuição do espaço entre as poltronas, para aumentar, em ambos os casos, o lucro. Ou a “eficiência” da empresa privatizada.

Nesse episódio, não faltou um Boris Kasoy a querer atribuir o fato à conta da re-estatização, ainda não concretizada, da empresa. Uma barriga que nem a Rede Globo, sempre de má-vontade com os Kirchner, quis comprar.

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